Profeta e Líder
Pela fé,
Moisés, apenas nascido, foi ocultado por seus pais, durante três meses, porque
viram que a criança era formosa; também não ficaram amedrontados pelo decreto
do rei. Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da
filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir
prazeres transitórios do pecado (Hb 11.23-25).
A história de
Moisés é uma das mais ricas e belas não só da Bíblica, mas também da
humanidade. Aqui, porém, podemos dizer apenas três coisas acerca de Moisés:
Predestinado. Mesmo para quem tenha
dificuldade em aceitar a doutrina bíblica da predestinação, é difícil estudar a
vida de Moisés sem ver nele um homem eleito e predestinado pelo Deus eterno e
soberano. É praticamente impossível pensar no êxodo ignorando a figura
imponente de Moisés. Ele acreditava que sua vida e destino estavam escritos nas
páginas do livro divino e celestial (Ex 32.32). Nós, igualmente, cremos que
fomos eleitos e predestinados por Deus, em
Cristo – nunca fora dele. E isso nos traz profundo conforto.
“Por isso,
santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o
Apóstolo e Sumo Sacerdote de nossa confissão, Jesus, o qual é fiel àquele que o
constituiu, como também o era Moisés em toda a casa de Deus. Jesus, todavia,
tem sido considerado digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior
honra do que a casa tem aquele que a estabeleceu” (Hb 3.1-3).
“Assim como
nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele...” (Ef 1.4,5).
Preparado. Deus mesmo preparou seu
predestinado desde sua geração uterina; no cestinho de vime e betume; na
carinhosa companhia de sua mãe; na vida palaciana; na solidão do deserto; ao
todo, 80 anos de preparação: quarenta anos na escola de Faraó; mais quarenta
anos no seminário do deserto. Deus nunca usa uma pessoa sem antes prepará-la
devidamente. A Bíblia está cheia deste fato; é parte da experiência humana; de
um modo muito mais vívido, na vida da igreja. O recém convertido é preparado
para ser recebido à membresia da igreja; o líder é preparado para o exercício
de alguma função sacra; nenhum homem deve e pode ser usado no ministério sacro
sem muito preparo. Preparo equivale a maturidade.
Após seu
encontro com Aquele que chama, Jesus Cristo, nosso Senhor, Saulo de Tarso (mais
tarde nomeado Apóstolo Paulo) foi para o deserto da Arábia e lá ficou três anos
no seminário do deserto: “Decorridos três anos, então subi a Jerusalém para
avistar-me com Cefas e permaneci com ele quinze dias” (Gl 1.18).
Usado. Quarenta anos no palácio de
Faraó, quarenta anos no deserto e mais quarenta anos como pastor de Israel no
deserto. Moisés foi um grande pastor: tirou o povo da escravidão egípcia;
atravessou com eles o Mar Vermelho; enfrentou com eles as duas experiências num
deserto escaldante; sofreu com a rebeldia do povo e o defendeu; amou-o,
intercedeu por ele, porém não entrou na Terra Prometida por causa desse mesmo
povo. Que bom seria se tivéssemos hoje muitos pastores como Moisés!
Muito superior
a Moisés, Jesus também nos chama à vida eterna e ao serviço na igreja, na
santíssima pessoa do bendito Consolador, o Espírito da Verdade, que habita a
igreja e sustenta os filhos de Deus. Ele não usa as pessoas religiosas que
costumam praticar os ritos da religião, mas que não têm nada mais a ver com
ele. Ele predestinou previamente, prepara e usa esses predestinados para algum
serviço precioso no seio da igreja e da sociedade. São essas pessoas que o
glorificam durante toda sua vida como fez Moisés.
“Desse fato
concluímos que, primeiro, a verdadeira
natureza da fé consiste em ter Deus sempre diante dos olhos; segundo, que a fé vê coisas mais
elevadas e ocultas em Deus do que nossos sentidos podem perceber; e, terceiro, que nos é suficiente apenas
uma visão de Deus para que nossas debilidades sejam corrigidas, e assim nos
tornemos mais fortes que as rochas contra todas as investidas de Satanás”
(Calvino, Harmonia da Lei).
Oração: Senhor Deus, somos-te gratos
pela existência de nossos pastores que cuidam de nós; somos gratos por aquele
grande pastor, Moisés, que cuidou da igreja no deserto; somos gratos,
sobretudo, por Jesus Cristo, nosso Supremo Pastor, que nos guia em segurança
pelos escaldantes desertos deste mundo até tomarmos posse da vida celestial. Em
nome dele. Amém.